Sinto fome.
Sopa de letrinhas não satisfaz a fome insaciável por palavras.
Busco os livros.
Às vezes me pergunto se todas as pessoas sentem essa fome... acho que alguns se acostumaram tanto com ela que já não a sentem. Outros se privam de senti-la, caminham magros, desnutridos, indiferentes aos sabores da vida... não sabem que olhos degustam...
Quem tem fome de palavras também tem fome de tudo o que as palavras não escrevem...
Sou gulosa. Gula por palavras não é pecado, é capital. Não compartilhar o é, por isso não poderia deixar de postar aqui alguns escritos de Ferreira Gullar, poeta que consegue, com palavras, despertar o que as palavras não escrevem.
O conheci num desses dias de sofreguidão, procurando nas prateleiras da Biblioteca Municipal algo para comer. Encontrei Toda Poesia, comi, me lambuzei e me apaixonei!
Eu, que pensei que amenizaria minha fome, senti mais fome. Quando a refeição é agradável ao paladar queremos repetir.
Sempre me cabem mais palavras, pois palavras não vão para lugares apertados, limitados como o estômago.
Desejo a vocês: fome, após a leitura, mais fome. Saboreiem, se lambuzem e se apaixonem!